Que poderei do mundo já querer,
Que naquilo em que pus tamanho amor,
Não vi senão desgosto e desamor,
E morte, enfim; que mais não pode ser?
Pois vida me não farta de viver,
Pois já sei que não mata grande dor,
Se cousa há que mágoa dê maior,
Eu a verei; que tudo posso ver.
A Morte, a meu pesar, m’assegurou
De quanto mal me vinha: já perdi
O que a perder o medo m’ensinou.
Na vida desamor somente vi,
Na morte a grande dor que me ficou:
Parece que para isto só nasci.
(Luís de Camões)
Dois anos
sem ti, dois anos de ausência, dois anos de irrealidade e tristeza, dois anos a
buscar razão para seguir o meu caminho. E todos os dias, a pegunta, sibilina - que faço aqui, se partiram aqueles que amei e mais me amaram, deixando-me órfã? E, mesmo
agora, em que a vida parece ganhar algum sentido, há a sombra, aquela que,
sem direito nem título, insidiosa e indelevelmente, me ocupou e habita, e me roubou a luz do Sol que tanto amo.
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