Chegar
à hora foi disciplina auto-imposta na sua longa vida de adulta, um misto de carta
de alforria e de foral dos atrasos traumáticos duma educação ao Deus-dará. Da
libertação nasceu a nova escravidão, a pontualidade de chegar antes da hora, e,
depois, muito antes da hora. Em dias de compromisso matutino, agendava três
despertares, dois em despertadores de corda e um do serviço homónimo dos
telefones-de-lisboa-e-porto, de que nunca precisava pois despertava de hora a hora,
sempre antes da hora.
Partiu um dia de madrugada, sem hora marcada, ainda assim na sua hora.
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