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sábado, 26 de fevereiro de 2022

claro

 eram duas irmãs, a mais bonita claro via-se primeiro.

olhos enormes tinha claro olhos como faróis que guiavam quem os olhava para quietudes falsas e profundidades quentes e sensuais de noites de verão com cheiro a maresia figueiras e seda fresca.

a boca que claro sempre manteve muda sussurrava a quem quisesse  ouvir -   e todos queriam – promessas de paraísos repletos de pecados muito terrenos.

o cabelo comprido era claro de madeixas de ouro e canela e cheiro à flor de laranjeira dos ramos de noiva que em vez de acalmar instigava a lascívia das suas vitimas – e tantas foram…

ela claro magnetizava as atenções e com a sua presença luminosa ofuscava e queimava os admiradores que borboleteavam em seu redor.

conta-se que por ela claro homens e mulheres sem distinção perpetraram suicídios e homicídios na forma tentada frustrada impossível e até consumada.

ficou claro noiva e acedeu casar com um jovem aristocrata dos negócios escuros.

formaram uma omertá de silêncio, digna de um par de cinema mudo.

tiveram dois filhos.

um saiu à mãe, Claro, e o outro ao pai, Oscuro.

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