eram duas irmãs, a mais bonita claro via-se primeiro.
olhos enormes
tinha claro olhos como faróis que guiavam quem os olhava para quietudes falsas
e profundidades quentes e sensuais de noites de verão com cheiro a maresia
figueiras e seda fresca.
a boca que claro
sempre manteve muda sussurrava a quem quisesse
ouvir - e todos queriam –
promessas de paraísos repletos de pecados muito terrenos.
o cabelo comprido
era claro de madeixas de ouro e canela e cheiro à flor de laranjeira dos ramos
de noiva que em vez de acalmar instigava a lascívia das suas vitimas – e tantas
foram…
ela claro
magnetizava as atenções e com a sua presença luminosa ofuscava e queimava os
admiradores que borboleteavam em seu redor.
conta-se que por
ela claro homens e mulheres sem distinção perpetraram suicídios e homicídios na
forma tentada frustrada impossível e até consumada.
ficou claro noiva
e acedeu casar com um jovem aristocrata dos negócios escuros.
formaram uma omertá
de silêncio, digna de um par de cinema mudo.
tiveram dois
filhos.
um saiu à mãe,
Claro, e o outro ao pai, Oscuro.
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