A primeira
espécie está, apesar de tudo muito circunscrita por termos aviso de não querer
publicidade, e consiste em folhetos de imobiliárias - invariavelmente
perguntando se “a sua casa está à venda” (não, não está e quando estiver não será com certeza
a V. Exas que me dirigirei), que arquivo no caixote do lixo junto
das caixas do correio, brochuras da Junta de Freguesia em papel couché caríssimo
e nada amigo do ambiente, com propaganda à dita autarquia e que só não arquivo
imediatamente no contentor destinado à reciclagem porque, masoquisticamente,
ainda leio aquele lixo, talvez na tentativa de fazer subir a tensão arterial
sistólica que, por norma, não chega aos 11, correspondência da Câmara da Moita
dirigida ao vizinho do quarto andar e que, agora que, há quase um lustro, o
vizinho se mudou para parte incerta, arquivo junto das brochuras das
imobiliárias. As contas, sendo embora sub-espécie da indesejada, são essenciais
para a manutenção do nosso padrão de vida – luz, água, gás, impostos, bancos,
cartões disto e daquilo – mas o seu volume diminuiu drasticamente com as
facturas electrónicas a que aderimos contra promessas de descontos nunca
escrutinados.
Cartas,
votos de boas festas, congratulações por nascimentos, aniversários ou bodas, pêsames,
tudo isso passou a digital - e-mail, sms, whatsapp – embora me conste que as
cartas ainda se escrevem com os dedos. Telefonemas em ocasiões especiais também já há poucos, telefona-se
muito para falar de banalidades, efeito perverso da descida astronómica dos
custos das telecomunicações.
Dizia
eu que recebi uma carta. Querendo retribuir a amabilidade, descobri que não
tinha papel de carta e envelopes só comerciais, pelo que fui à Papelaria
Fernandes em demanda de adequado suporte a tão jurássica tarefa. Numa
prateleira encontrei papel de farta gramagem e variados tamanhos e tonalidades,
que iam do branco imaculado ao púrpura cardinalício, o que logo me suscitou a vexata
quaestio da cor da tinta a usar... Entabulando conversa com a
empregada perguntei-lhe se não tinha um bloco de folhas que se descolam uma a
uma à medida que se escrevem, próprias para correspondência, recordando os
blocos de folhas tão finas que só sobreviviam incólumes se a pena fosse ligeira,
destinadas àquelas cartas que se expediam por AIR MAIL, num tempo em que se
escrevia muito, os tostões valiam milhões e quem vivia além-mar tinha pressa em
receber e enviar notícias, como foi no caso da minha mãe e da minha tia, sua
irmã mais nova, durante os vinte anos em que esta viveu em Moçambique.
Pois
isso não havia, às vezes apareciam uns blocos diferentes, vindos da América, próprios
para carta, de tamanho mais comprido e mais estreito que o nosso A4, só que
agora e ultimamente não têm... Agradeci a informação, comprei um bloco A5
manhoso, que diz “notas” e, tal a transparência do papel, deve ser apto ao AIR
MAIL se este ainda se usar.
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