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sábado, 16 de abril de 2022

JOGOS DO PORTO, LEGOS E LIVROS DE HISTÓRIAS AOS QUADRADINHOS.

De entre os muitos compadres que escolheram os meus pais para padrinhos dos filhos, perpetuando os rebentos  os nomes nada comuns de Horácio e Esmeralda, havia um que era sócio correspondente do F. C. Porto para expressamente ir ao Porto assistir aos jogos do Sporting, qual Leão da Estrela, só que da Beira Interior.

Dono dum bazar, vendia os brinquedos da moda e como por dever de ofício sabia melhor do que os compadres do Porto aquilo de que as crianças gostavam e as cartas imaginárias que escreveriam ao Pai Natal, sempre levava para a prole dos compadres as novidades do bazar.  Foi assim que a Naná e o Zé tiveram o seu primeiro lego, cumprindo um sonho adiado do Zé, já então um esteta das linhas direitas nórdicas, apesar de não saber ler nem escrever. Imagino as horas que terá passado a construir, a desconstruir e a voltar a construir aquela estilização nórdica que tanta ilusão lhe causou.

Já o Horácio Júnior, esse, delirou com os livros aos quadradinhos do afilhado dos pais, não tanto como este, que deles não se separava, nem sequer em pleno jogo Porto-Sporting. Ia acrescentar no Estádio das Antas. Só que não sei se alguns desses jogos não terão ainda sido vistos no Campo da Constituição ou mesmo no Campo do Lima. Não sei e não tenho como saber.

Quase todos os protagonistas destas visitas partiram – os compadres de ambos os lados, Horácio Júnior e o Zé. Mas há documentos das visitas, fotografias pequenas, pequeníssimas, impressas a preto e branco. E há os nomes dos protagonistas. São as fotos e os nomes de que as histórias falam, as histórias tecidas pelas memórias da Naná, entrelaçadas nas muitas memórias que temos das histórias repetidas pela nossa mãe. Pois esta história, sendo das memórias de quatro irmãos, é contada pela única que a elas não assistiu e só as conhece por ouvir dizer e, mesmo não tendo lá estado, delas se lembra...



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