De entre os muitos compadres que escolheram os meus pais para padrinhos dos filhos, perpetuando os rebentos os nomes nada comuns de Horácio e Esmeralda, havia um que era sócio correspondente do F. C. Porto para expressamente ir ao Porto assistir aos jogos do Sporting, qual Leão da Estrela, só que da Beira Interior.
Dono dum bazar, vendia os
brinquedos da moda e como por dever de ofício sabia melhor do que os compadres do
Porto aquilo de que as crianças gostavam e as cartas imaginárias que
escreveriam ao Pai Natal, sempre levava para a prole dos compadres as novidades
do bazar. Foi assim que a Naná e o Zé
tiveram o seu primeiro lego, cumprindo um sonho adiado do Zé, já então um
esteta das linhas direitas nórdicas, apesar de não saber ler nem escrever. Imagino
as horas que terá passado a construir, a desconstruir e a voltar a construir aquela
estilização nórdica que tanta ilusão lhe causou.
Já o Horácio Júnior, esse,
delirou com os livros aos quadradinhos do afilhado dos pais, não tanto como
este, que deles não se separava, nem sequer em pleno jogo Porto-Sporting. Ia
acrescentar no Estádio das Antas. Só que não sei se alguns desses jogos não
terão ainda sido vistos no Campo da Constituição ou mesmo no Campo do Lima. Não
sei e não tenho como saber.
Quase todos os protagonistas
destas visitas partiram – os compadres de ambos os lados, Horácio Júnior e o
Zé. Mas há documentos das visitas, fotografias pequenas, pequeníssimas, impressas
a preto e branco. E há os nomes dos protagonistas. São as fotos e os nomes de
que as histórias falam, as histórias tecidas pelas memórias da Naná,
entrelaçadas nas muitas memórias que temos das histórias repetidas pela nossa
mãe. Pois esta história, sendo das memórias de quatro irmãos, é contada pela
única que a elas não assistiu e só as conhece por ouvir dizer e, mesmo não
tendo lá estado, delas se lembra...
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