Cortaste-me da tua vida com a
frieza duma lâmina, lâmina que prepararas para usar quando não estivesse a ver.
Sim, coragem nunca foi teu apanágio, cobarde era teu nome do meio. Regresso uma e outra vez àquele
momento em que tudo ainda podia ser, penso no que deveria ter feito diferente
para que tudo fosse possível, ainda que apenas agora, e amanhã tudo fosse igual
ao que já é. Na minha mente, qual tela de cinema, passa um filme em câmara
lenta, em modo de repetição, o filme do que poderia ter sido e não foi. Dizes
que foi um acaso sem caso pensado, não acredito, não há acasos premeditados. Pois,
mentira era o teu segundo nome, repetido no apelido.
Folheio o álbum que já foi
nosso. Não te encontro. Nem quero. A tesoura, comprada na lua de mel em Toledo,
cumpriu a sua função higiénica.
E, no entanto, continuo a ver o filme...
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