Interpretações
de cortar a respiração, história de cortar os pulsos, uma Fé que é uma força da
natureza, imbuída da força telúrica daquelas paisagens, paisagens mais que
perfeitas, em contraste absoluto com a perversão da gente tosca, gananciosa e
sem princípios que as habita.
Se
tudo está no passo certo e tudo acontece quando tem que acontecer, a perfeição
superlativa está na banda sonora. A canção da personagem que dá nome à série arranca-nos
a alma ao corpo, pendura-a num pelourinho emocional, exibindo os buracos negros,
as chagas, as feridas por cicatrizar e as outras ainda a sangar, todas gritando
ao mundo a nossa tristeza sem fim, a nossa dor de existir, mas sempre em busca
de redenção, duma justificação para seguir o nosso caminho porque ficar não é
opção.
I gave my heart, / And
although it's lost, / It is still beating / And I gave my whole / Soul, I did
I gave my soul / And although
I'm broken / I am still breathing.[1]
Assim
como nunca seremos o que queremos ser porque verdadeiramente não queremos, também
nunca poderemos amar quem amamos porque o amor é um sentimento estranho e
desconhecido no nosso deserto emocional em que fingimos que nos corre sangue
nas veias e não o gelo das tundras, fingimos que respiramos, sem querer ver que
é o vento polar que nos invade suave e lentamente, entorpecendo e embotando
sentidos e sentimentos...
'Cause I know I could never / Be
what you need / Never see what you see / Never be anything more than Just
somewhere to run to [2]
Se nem
sempre foi assim e houve tempo em que, esfomeados, engolimos a vida como se não
houvesse amanhã, em que o momento presente era tudo o que importava e iria
estar ali sempre, cristal de rocha perene, resistente a temporais, furacões e
vulcões, hoje seguimos em piloto automático, cintos de segurança sempre
apertados para o caso de haver turbulância e poços de ar, com medo de
arriscar...
Here I am once more / In the
same familiar circumstance / Trying to make some sense of all the pain / Now
here I go once more / Going round and round in this fairground / Holding on for
dear life again [3]
Seguimos
em frente, damos o passo que falta para chegar ao precipício. Por não sabermos
fazer outra coisa, por hábito, por medo de sair dos carris, por que é melhor o
diabo que conhecemos do que o anjo que não sabemos se, sequer, existe. Mortos
que ainda respiram e falam, mas carregam rocha de granito, já não cristal, no
lugar do coração.
Here I go, here I go, here I
go again / And here I go, here I go, here I go again [4]
Ou
então não é nada disso, é só a dor, a dor que nos consome e corrói, a dor que,
qual cancro, tudo invadiu sem deixar espaço para nada mais, a dor nossa velha
conhecida, a dor nossa velha amiga que nos protege de sermos magoados da vida,
porque viver dói. E o que mais dói são as ausências que crescem na mesma medida
do nosso envelhecimento. E termos que aprender a viver sem aqueles que amamos.
And we just got lost / Fell
into something much deeper than us / Pain / Pain [5]
[1] Faith’s song - https://www.youtube.com/watch?v=7gzZEtiusO4
[2] Steve’s
song - https://www.youtube.com/watch?v=Gun6Jsmf7WQ
[3] Here I
go again - https://www.youtube.com/watch?v=tA4nKW6UMDQ
[4] Here I
go again - https://www.youtube.com/watch?v=tA4nKW6UMDQ
[5] Pain - https://www.youtube.com/watch?v=bVYTsVTUAmQ
Sem comentários:
Enviar um comentário