DIA DOS NAMORADOS

Aproveita-se nestes dias que precedem o de S. Valentim a programação das TVs, que nos inundam de boas comédias românticas, com actores (quase) da nossa idade, que há muito acompanhámos, comédias que são muitas vezes recriações, adaptações ou inspirações doutras comédias dos tempos dos nossos pais – é, o amor é sempre estúpido e louco, qualquer que seja a época, mas para cada um de nós é único e só nós sabemos o que sentimos e inventamos a paixão e os sentimentos absolutamente singulares que nos assaltam, esquecendo que Romeu e Julieta foram criados no século XVI, certamente inspirado em muitas histórias reais conhecidas do Bardo da Velha Albion, Jane Austen viveu, escreveu e morreu há mais de dois séculos, a Dama das Camélias é do século XIX, a Madame Butterfly do princípio do século XX,  e não, não inventamos nada mas é bom que acreditemos que sim enquanto o coração nos bate a 200 pulsações por minuto, as faces ficam coradas, dizemos parvoíces e escrevemos tolices de amor, já não cartas mas sms e whatsapps.

Descobri três filmes que já vi (inúmeras vezes), vou voltar a ver agora e a eles  voltarei, com certeza – "Sintonia de Amor" e "Você tem uma mensagem", ambos dos anos 90, ambos com Meg Ryan e Tom Hanks, novinhos como nós éramos e somos ainda no mais fundo dos nossos corações, "Orgulho e Preconceito", este com excelentes reflexões sobre a condição feminina, ainda que pareça que são só meninas de cabeças ocas, coradas e saltitantes, e outro que vi há já vinte anos e me compeliu ao consumo desenfreado de chocolate, o homónimo "Chocolate", com a divina Juliette Binoche.

A título de curiosidade, penso que em Portugal o dia dos namorados costumava celebrar-se na 5.ª feira santa (5.ª feira da paixão, ainda que paixão doutra natureza), em que as moças ofereciam aos moços lenços por elas bordados e eles um presente comprado, talvez amêndoas. Como  ninguém hoje borda nem faz quaisquer outros lavores, melhor que oferecer e comer chocolates, que engordam e estragam os dentes por muito anti-depressivos que sejam, vejam-se filmes, com caixa de lenços de papel à mão, já que lenços de mão também já ninguém usa😊😊😊!