Desde “Um Mundo Perfeito” que Clint Eastwood nunca me desiludiu. Nas fitas de Eastwood não há melodrama nem overacting nem cliché – veja-se o exemplo de “Changeling”, que, noutras mãos, seria candidato ao melodrama cliché do ano mas, ao invés, apresentou uma improvável Angelina Jolie numa ainda mais improvável representação, sem mácula. Filmes menores? Talvez “Hereafter” ou “Invictus”. Mas pudessem todos os realizadores do mundo realizar tais dois filmes ditos menores e aspirar a realizar un “Gran Torino”, o meu Eastwood favorito...
Não queria ver “American Sniper”, primeiro porque achava que era brutalmente violento, depois porque li as críticas da esquerda americana – apelo à guerra, patrioteirismo bacoco, superioridade americana, etc.
Entretanto, lembrei-me de “O Caçador” e dessas mesmas críticas e polémicas no ano de 1979, e decidi julgar pela minha cabeça.
Numa quente noite de um Domingo deste Verão passei duas horas agarrada ao écran – duas horas de enorme carga dramática, com violência sim, mas não brutalidade, com patriotismo mas não patrioteirismo, e, acima de tudo, com fortes convicções pessoais que em momento algum funcionam como propaganda subliminar.
O final, que podia ter dado pano para muitas mangas (de aeroporto…) em termos de dramalhão, é de uma contenção absoluta.
De todos os filmes candidatos ao Óscar do melhor filme (dos que contam, ou seja, Boyhood, Birdman ou até o Hotel Budapeste) este é sem dúvida o melhor. Mas Eastwood já tem dois óscares no seu palmarés, e, tal como Meryl Streep, não pode ganhar sempre que é nomeado – embora muitas vezes o merecesse…

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