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segunda-feira, 30 de março de 2015

BOYHOOD



Gostei. Muito.
Mostra-nos a vida como ela é, o crescimento o amadurecimento, o envelhecimento, as tristezas, as superações.
O facto de ser filmado ao longo de 12 anos confere um realismo acrescido à evolução física de cada personagem – designadamente Patrícia Arquette, que foi mãe a meio do projecto -, ,e faz-nos relembrar factos da história recente, contextualizando-os no próprio momento em que estavam a acontecer, destacando-se a este propósito a crise do sub-prime de 2008, que leva a personagem de Patrícia Arquette a dizer que aquela é uma família de pobres com abrigo (poor housed people).
Prémio da melhor frase do filme ainda para Patrícia Arquette – I really enjoy making poor life decisions, no que poderia ser traduzido “sou muito boa a tomar más decisões” – e quem não se revê nesta declaração, pelo menos algumas vezes na vida…
No mais, o filme transmite um grande optimismo, muito americano, muito Novo Mundo, que, misturado com alguma ingenuidade, forja a crença de que se pode dar a volta por cima à vida, de que há sempre recomeços, de que podemos mudar a nossa vida – e eles, Pai e Mãe, mudaram-na, ela várias vezes recomeçou do zero absoluto, e, sem nunca abdicar da esperança de a ter, conseguiu uma vida melhor.
Gostei particularmente do pragmatismo subjacente à decisão de deixar e vender uma casa demasiado grande, em que se guarda o estritamente indispensável, se deita fora o que não presta e/ou não serve, se dá o que está assim-assim, se vende o resto, e se re-equaciona o destino daquilo que não se consegue vender.
Assim se anda para a frente, sem “tralhas" de coisas inúteis (só coisas, afinal!) que constituem um sobrepeso que não nos permite descolar donde estamos, mesmo quando estamos mal e queremos descolar.
Fiquei com a cabeça a sonhar em organizar uma venda de garagem, uma doação de todas as inutilidades que fui juntando ao longo da minha vida e de conseguir ter, enfim, uma decoração minimalista japonesa…
E, acima de tudo, não deixar crescer o "monstro" das inutilidades.

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