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segunda-feira, 21 de março de 2022

A PRINCESA E AS ERVILHAS

Era madrugada quando Nini saiu da rave, rave privada cujo destino era tão mas tão secreto que só se conhecia quando lá se chegava, seguindo indicações hieroglíficas de sms privadas. Uma vez mais, como perdera  o iphone última geração, não sabia onde estava. Olhou os sapatos, tristes, mais um par roto. Suspirou, antecipando explicações sobre o telefone perdido e os sapatos feitos num trapo.

Foi atingida pela escuridão da noite e pela depressão Bárbara, cega por ambas. Caminhou ao acaso. Um jorro de água, nascido de fonte incógnita, vergou-a.

Acordou numa cama de dossel, fofa como chantilly ou claras em castelo ou não estivesse deitada em cima de inúmeros edredons e colchões. Pensou que morrera com entrada directa no paraíso até que entrou o homem velho, de coroa na cabeça, com uma taça fumegante e lhe disse: “Hoje temos favas com chouriço.” “Oh– exclamou ela - não pode ser antes ervilhas com bacon e ovos escalfados?!”.

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