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domingo, 25 de junho de 2017

Machos alfa, cabeças enfeitadas e outras indefinidades


A propósito desta cadeia de mega maluqueira (aqui, aqui, aqui, as minhas desculpas se esqueci algum aqui), a patroa deste blog tem algumas histórias giras no seu anedotário pessoal.

O macho da cabra é palavra proscrita no Norte excepto na versão bode. Mas no Sul é vulgar. A primeira vez que o constatei foi no rescaldo duma noite eleitoral da qual emergiu uma maioria absoluta da dita direita. Eu ainda não votava e estava nos Algarves, num grupo que incluía algarvios. Na única TV que então existia, o porta-voz do partido das eternas vitórias debitou qualquer coisa como o resultado eleitoral representar uma enorme derrota das forças da reacção. Imediata foi a reacção do Sr. Mariano, que vomitou um enérgico “Ah pedaço dum cabrão!...”. Gostei. O insulto, para mim que vinha do Norte, era enorme e violento, mas logo atenuado por aquele diminutivo pejorativo de “pedaço”, que deveria querer dizer que o porta-voz tinha umas hastes muito desenvolvidas mas uns tintins muito pequeninos

Anos mais tarde, no mesmo Algarve, na Praia da Rocha para ser mais precisa, uma enorme discussão entre dois automobilistas que disputavam o mesmo estacionamento. Enquanto a coisa ficou pelos piretes nenhum dos dois se incomodou. O caldo só se entornou quando um pôs a cabeça de fora e vociferou para o outro qualquer aleivosia que incluía cabr@o pelo meio. Pois... O ofendido era um autêntico macho alfa do Norte e o que se seguiu não foi bonito, incluindo os insultos mais que muitos à mãezinha do interlocutor.

Já depois destas duas cenas, o H. Jr., tendo escutado alguém dizer a palavrinha cabr@ao apressou-se a dizer que isso não se dizia. E porquê? Porque a mãe assim o tinha determinado apesar de ele não perceber porquê. Como já sabia ler, obrigamo-lo a consultar o dicionário de Morais, que adornava a estante do avô H. Debita o H. Jr.  Cabr@o: bode, macho da cabra; marido enganado que transigue com a indefinidade da mulher, .... A partir daqui já não conseguimos ouvir mais nada. Para posteridade ficaram a transiguência e a indefinidade…

Naquilo que me respeita, em pequena trocava os guês pelos dês. Irmã (muito mais) nova de quatro, dois dos quais rapagões malandrecos da silva, está-se mesmo a ver o resultadão de cada vez que os manos me pediam para dizer foguete, fogueira, fogo e foguinho…

Já crescida e a trabalhar, um dia houve que escorreguei no chão encerado do gabinete, caí de assento no dito chão, sobre o qual executei um artístico vôo rasante até finalmente encaixar as minhas duas pernas debaixo da mesa do telefone que me caiu em cima. Como o chavascal sonoro foi grande, encheu-se o gabinete das ocupantes do gabinete vizinho (por acaso eram só mulheres). Inquirida sobre o estado de saúde (o espectáculo devia ter uma enorme intensidade dramática: eu esparramada no chão, uma mesa virada, a cadeira às três pancadas …), limitei-me a dizer “Estou bem, fiquei foi um pouco contusa nas penas.” Tiveram que me explicar a explosão de riso que a resposta provocou…

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